Na quinta-feira (18), sucedeu o quinto incidente com o
Dreamliner durante este mês de julho. Um avião, após ter saído de Boston com
destino a Tóquio, teve que retornar ao aeroporto americano por causa de uma
falha no indicador de combustível. Todas as últimas ocorrências estão sendo
investigadas por engenheiros da Boeing, e os peritos previnem contra
especulações sobre o tema de segurança do novo avião. Não obstante, os voos do
Dreamliner já haviam sido suspensos uma vez no início deste ano, depois de uma
série de incidentes relacionados com defeitos na construção das baterias.
Dotado de novos acumuladores, o mais moderno dos Boeing voltou a levantar voo
em abril. Contudo, passados dois meses ou um pouco mais, os reveses voltaram.
"A segurança é sempre nossa primeira prioridade.
Pedimos desculpa por esta pausa forçada", foi precisamente assim que o
serviço de imprensa da Boeing anunciou no Twitter o reinício de voos do
Dreamliner após quase quatro meses de paragem. De janeiro a abril, os
especialistas da Boeing estavam trabalhando para eliminar os defeitos da
construção de acumuladores da aeronave, que tinham originado fugas de
combustível e fumaças. Porém, já em julho, nos Dreamliners de diferentes
companhias aéreas outra vez começaram a serem detectadas novas falhas técnicas.
Assim com um Boeing 787 da Thomson Airways, logo após decolar rumo aos EUA, foi
obrigado a voltar ao aeroporto de Manchester. Dois Dreamliners da polonesa LOT
não conseguiram nem sequer sair para seus destinos. Um incêndio a bordo de um
destes aparelhos da Ethiopian Airlines paralisou por meia hora o tráfego no
aeroporto de Heathrow em Londres, um dos maiores do planeta. É muito curioso
que a Ethiopian Airlines tenha sido a primeira das companhias aéreas a retomar a
operação do Dreamliner após os problemas de acumuladores terem sido eliminados.
De momento, a investigação apenas constatou que o incêndio não foi provocado
por problemas de acumuladores. Mas qual foi, então, a causa? E quais são as
falhas, às quais se referem em todos os casos recentes, sem esclarecer nada de
concreto? Seja como for, a investigação ainda não está concluída, e, portanto,
é cedo para afirmar que o céu ficará outra vez fechado para o Dreamliner,
relatou à Voz da Rússia Alexei Ekimovsky, editor-chefe da publicação analítica
Rossiysky Transport (Transportes da Rússia):
"É uma situação normal, especialmente no que diz
respeito a um produto bastante novo e inovador. Suspender a operação de aviões
desta índole só é possível em caso de defeitos de construção sistêmicos. Se
eles não forem verificados, não há razão para suspender a operação de todos os
aviões. Para tais casos existem normas rigorosas, as quais são respeitadas
pelas companhias aéreas, os produtores e os serviços da aviação civil."
No entanto, se a investigação verificar a existência de
erros sistêmicos, a suspensão dos voos será inevitável. Em tal hipótese, as
perdas poderão atingir milhões de dólares, visto que não se tratará apenas de
eliminar todos os problemas técnicos, mas também de indenizar as companhias
aéreas pelo não cumprimento dos prazos de entrega de aeronaves. No entanto, é
pouco provável que os últimos incidentes sejam capazes de influir na liderança
da Boeing no mercado mundial, acredita Roman Gusarov, editor-chefe do portal
Avia.ru:
"Sem dúvida alguma, uma outra suspensão dos voos do
Dreamliner afetará a companhia e o prestígio do produtor. Aliás, isto é
secundário. Ninguém assumirá a responsabilidade de continuar a operar aviões
perigosos, se estes realmente o são. É de notar que atualmente o Dreamliner
atrai elevada atenção e qualquer incidente provoca em seguida uma tempestade de
emoções. Mas, se olharmos para o assunto de uma maneira objetiva e analisarmos
todo o histórico de incidentes aéreos no mundo inteiro, veremos que os demais
tipos de aviões não os sofrem em menor número. Até o momento, constatamos que o
mercado reage aos incidentes com o Dreamliner de uma forma bastante
equilibrada. Todos entendem que é um produto novo. Claro que, em semelhantes
circunstâncias, não é possível que tudo corra sem problemas."
Presentemente, a Boeing tem em seu portfólio quase 900 encomendas do
Dreamliner. De acordo com especialistas, as companhias aéreas veem os recentes
incidentes com compreensão e não se recusam a comprar a aeronave. Afinal, o
principal competidor dos norte-americanos, a Airbus europeia, ainda não é capaz
de oferecer uma alternativa real. O primeiro voo do А350 foi realizado apenas
há um mês no Show Aéreo de Paris, em Le Bourget. E o homólogo europeu do Dreamliner
ainda está muito longe de ser operado comercialmente.