sábado, 24 de novembro de 2012

Comandante soube do fim da Webjet em pleno voo, diz comissária


Funcionários da Webjet foram pegos de supressa com a demissão de todos os trabalhadores da companhia --inesperada para eles. Alguns souberam que não teriam mais emprego em pleno voo.

Uma comissária de bordo da Webjet que pediu anonimato disse que a tripulação de um voo que voltava do Sul para o Rio na noite de quinta-feira (22) foi informada que a empresa iria acabar em pleno ar.

Uma comissária de bordo da Webjet que pediu anonimato disse que a tripulação de um voo que voltava do Sul para o Rio na noite de quinta-feira (22) foi informada que a empresa iria acabar em pleno ar.

Segundo ela, que contou o caso após participar de uma das reuniões em que as demissões foram anunciadas, na sexta, o comandante recebeu a notícia do sistema de comunicação da aeronave e repassou à tripulação. Nervosos, os tripulantes iniciaram os procedimentos de pouso.

'Estávamos voltando para o Rio quando um operador da Gol avisou ao comandante que os integrantes da tripulação que precisassem voltar para seus Estados deveriam se dirigir ao balcão da Gol porque a Webjet não existia mais', disse ela, que trabalhou por quatro anos na empresa.

Os funcionários disseram que foram avisados da reunião de sexta-feira às 23h de quinta, e muitos disseram que ficaram cerca de 15 dias fora da escala de trabalho sem motivo aparente. "Começamos a desconfiar das demissões quando colegas não foram escalados para trabalhar por 15 dias", disse a comissária Tatiana Pueyo, 36.

ANAC E CADE

Para o comandante Rogério Coelho, 50, faltou uma mobilização antecipada dos empregados diante dos indícios que as demissões ocorreriam. Para ele, houve demora de mobilização principalmente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que aprovaram a fusão.

"Onde estão o Cade e a Anac numa hora dessas? Eles não têm a obrigação de defender nossos empregos, mas têm de defender os direitos dos consumidores que perdem uma companhia aérea de baixo custo. Se tivessem garantido a permanência da empresa, teríamos, indiretamente, nossos empregos assegurados", disse Coelho.

Ele diz que a empresa foi pouco transparente com seus funcionários ao lidar com a possibilidade de cortes. "Até ontem, a empresa não tinha um número de quantos empregados iriam ficar e quantos iriam deixar a companhia. Imagine um piloto voando sem saber se amanhã ele estará desempregado ou não", disse o comandante, que tinha também quatro anos de empresa e trabalhou em outras companhias aéreas que acabaram, como a Vasp e a Rio Sul.

REVERTER A SITUAÇÃO

Depois das 850 demissões, alguns ex-funcionários tiveram reunião na procuradoria do Ministério Público do Trabalho. Coelho, que participou da reunião, disse que foi registrado um pedido para que se sentem numa mesma mesa representantes da Gol, da Webjet, dos funcionários, dos sindicatos de classe, da Anac e do Cade para tentar reverter a situação.

No final da tarde de ontem, funcionários demitidos da Webjet fizeram uma manifestação no saguão do desembarque do aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio. Cerca de cem ex-funcionários participaram da manifestação com cartazes, máscaras e narizes de palhaço.

Os passageiros da Webjet foram remanejados para voos da Gol. Não foram registrados grandes tumultos na sexta-feira nem na manhã deste sábado no aeroporto do Santos Dumont. A área de check-in da Webjet foi absorvida pela Gol.

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